segunda-feira, 11 de setembro de 2017

D. António Francisco, o dom de um amigo

Nem queria acreditar! O telemóvel trazia a informação dada por amigos. Foi ver a imprensa e lá estava. D. António Francisco falecera.
Não consegui reprimir uma lágrima que espontaneamente me regara o rosto. Afinal era um amigo, bom amigo.
Era assim que alguns amigos com ligação ao Porto se referiam a D. António quando dele falavam comigo: "O seu amigo..."
Fora meu colega no Seminário de Lamego, ele quase a acabar e eu a começar. Recordo que era para nós mais novos uma das referências.
Regressado dos estudos em Paris, acompanhou-me nos tempos imediatos à minha ordenação sacerdotal.
Enquanto formador e vice-reitor, muitas vezes o visitei e com ele mantive longas conversas. Francas, sinceras, amigas. E quanto conservo desses diálogos! Também gostávamos de rir e apreciava imenso o seu sorriso aberto.
Já depois da sua nomeação episcopal, encontrei-me com ele numa celebração a convite de amigos comuns. Foi como que uma despedida, já que como bispo ia servir outra diocese e assim nos deixaria. A emoção, a sinceridade e a gratidão marcaram esse momento.
Estive na sua ordenação episcopal na Sé de Lamego naquele 19 de março de 2005.
Com um grupo de amigos e colegas  deste arciprestado, participei ma sua entrada solene como bispo de Aveiro.
Mais tarde, exatamente um mês antes da sua nomeação como bispo do Porto, visitei-o em Aveiro na companhia do seu pároco e meu condiscípulo P.e Adriano Alberto. Ao volante do seu carro, levou-nos a visitar algumas partes da sua diocese. E com que enlevo, conhecimento e alegria falava de terras e de pessoas! E D. António surpreendeu-nos. Ao chegarmos ao local onde íamos jantar, telefona ao pároco dessa paróquia, insistindo na sua presença no restaurante para comer connosco. Era assim ele. Abertura, pensando em tudo, congregando todos.
Já no Porto, visitei-o, acompanhado dos amigos P. Adriano Assis e P.e Adriano Alberto. Recebeu-nos no seu gabinete com aquele abraço que só mesmo ele sabia dar. Falámos e escutámos, rimos e partilhámos. Ficou o seu pedido. "Venham mais vezes que eu quero partilhar convosco uma refeição, já que hoje não posso."
No Porto, uma diocese imensa e com trabalho intenso, não o pude visitar mais.
Partiu para os braços do Pai quando  a sua diocese e a Igreja esperavam tanto do seu zelo pastoral, da sua humanidade, do seu viver e sentir Igreja, do seu otimismo sobre o mundo e a vida.
Confiamos que, pela bondade do Senhor, ele esteja feliz a realizado na vida que não se apaga.
Confiamos na sua intercessão junto do Pai.
Ficamos, agradecidos,  com o perfume belo da sua vida, do seu testemunho, da sua palavra, da sua presença.
Até já, bom amigo!

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